- A Câmara dos Deputados aprovou a PEC da Blindagem, que exige autorização do Congresso para que parlamentares sejam investigados criminalmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
- Oito deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) apoiaram a proposta, desafiando a orientação oficial da bancada.
- No dia seguinte, foi aprovado um requerimento de urgência para a anistia aos condenados pela tentativa de golpe de oito de janeiro.
- As decisões geraram mobilizações nas redes sociais, com manifestações programadas para o dia 21 de setembro, especialmente no Rio de Janeiro, com a participação de artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso.
- O engajamento contra a anistia superou o registrado nas mobilizações bolsonaristas de sete de setembro, com um aumento significativo nas críticas à PEC da Blindagem.
Na última terça-feira (16), a Câmara dos Deputados aprovou a PEC da Blindagem, que altera a Constituição para exigir autorização do Congresso antes que parlamentares possam ser investigados criminalmente pelo STF. O projeto recebeu apoio de oito deputados do PT, desafiando a orientação oficial da bancada, o que gerou polêmica nas redes sociais.
No dia seguinte, os deputados aprovaram um requerimento de urgência para a anistia aos condenados pela tentativa de golpe de 8 de Janeiro. Essas decisões provocaram uma mobilização significativa nas redes sociais, com frentes de esquerda convocando manifestações contra a anistia e a PEC da Blindagem. As convocações para os protestos do dia 21 de setembro começaram a circular em grupos de WhatsApp já na quinta-feira (18).
Mobilização nas Redes Sociais
O monitoramento em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp revelou um aumento no engajamento em torno das manifestações. As mensagens sobre o ato no Rio de Janeiro, que contaria com shows de artistas renomados como Chico Buarque e Caetano Veloso, impulsionaram a adesão popular. Até as 18h do dia 21, o engajamento contra a anistia superou o registrado nas mobilizações bolsonaristas de 7 de Setembro.
O crescimento das críticas à PEC da Blindagem foi notável, com termos como bandidagem e corrupção circulando amplamente. Embora a maior parte das críticas se concentrasse em figuras do centrão e da direita, como o presidente da Câmara, Hugo Motta, e Nikolas Ferreira, a mobilização não teve protagonismo de lideranças petistas. Críticas a deputados do PT que apoiaram a proposta representaram cerca de 10% dos ataques nas redes.
Mudança no Debate
Até o dia 18, a pauta da anistia e da blindagem era dominada pela direita, com mensagens favoráveis à anistia representando entre 70% e 90% do total. Contudo, a partir dessa data, as críticas da esquerda começaram a crescer, alcançando cerca de 60% das mensagens contrárias no auge do engajamento. Apesar do aumento na mobilização, a direita bolsonarista manteve um fluxo constante de mensagens, raramente abaixo desse patamar.
Esse cenário revela um anseio popular genuíno contra a blindagem, que conseguiu se sobrepor, ainda que temporariamente, ao domínio bolsonarista nas redes. A mobilização, mesmo sem a liderança de figuras do governo ou do PT, demonstra a capacidade de mobilização da sociedade civil em torno de questões de impunidade e justiça.