- Recentemente, uma rede de contrabando de combustíveis foi desmantelada no México, envolvendo militares.
- A operação ocorreu entre junho de 2023 e abril de 2024 e resultou na importação ilegal de 564 milhões de litros de combustível.
- O prejuízo à Hacienda pública foi de 6,2 bilhões de dólares.
- A investigação revelou que os irmãos Manuel Roberto e Fernando Farías Laguna, militares de alto escalão, coordenaram 69 operações fraudulentas.
- Quatorze pessoas foram detidas, e a descoberta levantou questões sobre a credibilidade das forças armadas no combate ao crime organizado.
A corrupção nas aduanas mexicanas e o contrabando de combustíveis ganharam novos contornos com a recente desarticulação de uma rede criminosa liderada por militares. A operação, que ocorreu entre junho de 2023 e abril de 2024, resultou na importação ilegal de 564 milhões de litros de combustível, causando um prejuízo de 6.200 milhões de dólares à Hacienda pública.
A investigação revelou que a rede, coordenada pelos irmãos Manuel Roberto e Fernando Farías Laguna, militares de alto escalão, realizou 69 operações fraudulentas em portos mexicanos. Os barcos, como o Nord Supreme, transportavam aditivos para lubrificantes, mas na verdade estavam contrabandeando combustível. A logística da operação era meticulosa, utilizando sempre os mesmos portos e rotas, principalmente entre Houston e Tamaulipas.
As autoridades mexicanas detiveram 14 pessoas ligadas a essa rede, marcando um dos maiores golpes contra a corrupção no governo de Claudia Sheinbaum. A descoberta da trama também levantou questões sobre a credibilidade das forças armadas no combate ao crime organizado, uma vez que os militares estavam diretamente envolvidos na operação.
Os dados indicam que, em 2024, cerca de 30% do combustível vendido no México era ilegal, totalizando 18 bilhões de litros. A consultoria Petro Intelligence estima que essa prática causou um dano significativo à economia nacional. O uso de fraudes fiscais, como a declaração de aditivos em vez de combustíveis, foi uma estratégia recorrente para evitar impostos.
Um verificador aduaneiro, que pediu anonimato, afirmou que a corrupção estava enraizada nas operações aduaneiras, com envolvimento de diversos setores, desde a contabilidade até a segurança. “É impossível que as agências não soubessem”, disse ele, ressaltando a complexidade da rede e a cumplicidade de funcionários públicos. A operação dos Farías Laguna expôs as falhas no sistema de fiscalização e a necessidade urgente de reformas nas aduanas mexicanas.