- Uma pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com o Ipsos-Ipec revela que a crise do transporte público nas capitais brasileiras se agrava.
- Sessenta por cento dos entrevistados afirmam evitar visitar amigos devido ao custo da tarifa de ônibus.
- Oitenta e seis por cento dos usuários de transporte coletivo têm renda familiar de até dois salários mínimos.
- Cinquenta e seis por cento deixaram de ir a parques ou cinemas, e quarenta e quatro por cento não buscam emprego por causa do custo do transporte.
- A pesquisa destaca a necessidade de investimentos em infraestrutura e regulação para melhorar a mobilidade urbana.
A crise do transporte público nas capitais brasileiras se agrava, conforme revela uma pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com o Ipsos-Ipec. O estudo, que entrevistou 3.500 moradores de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, aponta que 60% dos entrevistados evitam visitar amigos devido ao custo da tarifa de ônibus. Além disso, 86% dos usuários de transporte coletivo têm renda familiar de até dois salários mínimos, evidenciando a dificuldade de acesso a serviços e lazer.
Os dados mostram que 56% dos participantes deixaram de ir a parques ou cinemas por conta do preço da passagem. 48% relataram ter perdido consultas médicas e 44% deixaram de buscar emprego por causa do custo do transporte. Em média, os moradores das capitais gastam 116,5 minutos por dia em deslocamentos, com 58% levando mais de uma hora para realizar suas atividades diárias.
Desafios do Transporte Coletivo
O transporte público é a principal escolha para a maioria, com predominância dos ônibus. Em Goiânia, no entanto, 41% dos entrevistados utilizam carro particular. A pesquisa também destaca que 82% dos moradores consideram inseguro andar a pé, especialmente mulheres e usuários de transporte coletivo. Em Manaus, 87% se sentem inseguros como pedestres, enquanto em Goiânia, 35% se sentem seguros.
Os problemas enfrentados pelos passageiros variam entre as capitais. Em Manaus, a tarifa é a principal preocupação, enquanto em São Paulo, a lotação dos ônibus é a maior queixa. O geógrafo Rafael Calabria aponta que esses resultados refletem a crise do transporte público e sugere que a solução passa por infraestrutura, regulação e mudanças no custeio. Ele destaca a necessidade de investimentos em trilhos e corredores de ônibus, além de um controle mais rigoroso da operação e da bilhetagem.
Esses dados ressaltam a urgência de um debate sobre a qualidade do transporte público nas capitais brasileiras, onde o acesso à mobilidade é um fator crucial para a inclusão social e o bem-estar da população.