- O Sudeste do Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, registrou um aumento de 11,4% nas apreensões de armas de estilo militar nos últimos cinco anos, totalizando 1.655 armamentos em 2023.
- O Rio de Janeiro lidera as apreensões com 847 armas, um crescimento de 32% em relação a 2019. O Espírito Santo teve um aumento de 467% nas apreensões.
- Armas fantasmas, que não possuem número de série e são montadas a partir de peças industriais, estão se tornando comuns entre quadrilhas, dificultando o combate ao crime.
- Facções brasileiras estão adquirindo rifles fantasmas do Paraguai, evidenciando uma rota de tráfico de armas que se estende dos Estados Unidos ao Brasil.
- O aumento das apreensões reflete a gravidade da situação e a necessidade de uma resposta eficaz das autoridades.
Apreensões de armas de estilo militar aumentam 11,4% no Sudeste em cinco anos
O Sudeste do Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, enfrenta um aumento alarmante nas apreensões de armas de estilo militar. Em 2023, foram confiscados 1.655 armamentos desse tipo, um crescimento de 11,4% em relação a 2019, conforme levantamento do Instituto Sou da Paz. O estudo revela que a flexibilização das leis de armas no governo Bolsonaro contribuiu para essa proliferação.
O Rio de Janeiro lidera as apreensões, com 847 armas de estilo militar retiradas das ruas, um aumento de 32% em comparação a cinco anos atrás. O Espírito Santo, por sua vez, apresentou um salto impressionante de 467% nas apreensões, refletindo a invasão de facções fluminenses em seu território. Bruno Langeani, consultor sênior do Instituto Sou da Paz, destaca que mais de 10% das apreensões no Rio são desse tipo, o que é preocupante.
Armas fantasmas e artesanais
Um aspecto alarmante do cenário é o crescimento das chamadas “ghost guns”, ou armas fantasmas, que são montadas a partir de peças industriais e não possuem número de série. Essas armas, frequentemente artesanais, são produzidas com baixo custo e alto risco, complicando o combate ao crime. Langeani ressalta que a falta de treinamento para os profissionais que realizam os registros de apreensão dificulta a identificação dessas armas.
A pesquisa também aponta que calibres populares entre Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs), como 5.56x45mm e 7.62x51mm, são os mais apreendidos. Esses calibres, amplamente utilizados por polícias e Forças Armadas, foram liberados para civis nos últimos anos, aumentando as oportunidades de desvio para o uso criminoso.
Rota de tráfico de armas
O estudo revela que facções brasileiras estão adquirindo rifles fantasmas montados no Paraguai, evidenciando uma rota de tráfico de armas que se estende dos Estados Unidos ao Brasil. Um caso notável ocorreu em Mato Grosso do Sul, onde a polícia encontrou pistolas e fuzis falsificados em um veículo. A proximidade com o Paraguai facilita a entrada de armamentos ilegais no país.
As armas de fogo de estilo militar são essenciais para o controle territorial das facções, que utilizam esse arsenal para ameaçar populações locais e confrontar grupos rivais. O aumento das apreensões reflete não apenas a gravidade da situação, mas também a necessidade urgente de uma resposta eficaz das autoridades.