- A pesquisa da Fundação Perseu Abramo, divulgada em 23 de setembro de 2025, mostra que a renda média das mulheres no Brasil é 40% inferior à dos homens.
- Quarenta e quatro por cento das mulheres vivem com menos de um salário mínimo, enquanto essa porcentagem é de 21% entre os homens.
- O estudo, que entrevistou 2.440 mulheres e 1.221 homens, revela que 93% dos lares têm uma mulher responsável pelos afazeres domésticos.
- O número de mulheres chefes de família aumentou de 35% em 2010 para 49% em 2023. Dentre elas, 26% são responsáveis exclusivamente pelas contas da casa.
- A pesquisa também destaca que 46% das mulheres estão no mercado formal, enquanto 58% atuam no informal, com 59% das mulheres negras vivendo com renda familiar de até dois salários mínimos.
A Fundação Perseu Abramo divulgou, na terça-feira (23), a 3ª edição da pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, revelando que a renda média das mulheres no Brasil é 40% inferior à dos homens. O estudo, realizado em parceria com o Sesc São Paulo, destaca que 44% das mulheres vivem com menos de um salário mínimo, em comparação a 21% dos homens nessa mesma faixa salarial.
A pesquisa, que envolveu 2.440 mulheres e 1.221 homens, também aponta que 93% dos lares brasileiros têm uma mulher como responsável pelos afazeres domésticos. O aumento de mulheres como chefes de família é notável: em 2010, 35% eram responsáveis pelo sustento da casa, enquanto em 2023 esse número subiu para 49%. Destas, 26% assumem a responsabilidade exclusiva pelas contas da família.
Desigualdade e Escolaridade
Apesar dos avanços na escolaridade, as mulheres ainda enfrentam salários mais baixos e maior informalidade no mercado de trabalho. A pesquisa revela que 46% das mulheres estão no mercado formal, enquanto 58% atuam no informal. Além disso, 59% das mulheres negras têm renda familiar de até dois salários mínimos, com 64% residindo na região Nordeste.
A pesquisadora Laís Abramo, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, enfatiza a importância de dados como esses para a formulação de políticas públicas. Ela destaca a necessidade de uma política nacional de cuidados, que promova a corresponsabilização entre homens e mulheres.
Interseccionalidade e Políticas Públicas
A promotora de justiça Lívia Sant’Anna Vaz ressalta que a interseccionalidade deve ser uma ferramenta essencial na criação de políticas públicas. Ela aponta que a raça continua a ser um fator determinante nas desigualdades de representatividade e renda no Brasil. A pesquisa evidencia que, mesmo após 137 anos da abolição da escravidão, as mulheres negras e outros grupos vulneráveis ainda são tratados como objetos de políticas, em vez de sujeitos ativos na sua construção.