- O governo Lula está omitindo os temas das pesquisas de opinião sobre políticas públicas, registrando-as de forma genérica.
- Durante a gestão de Jair Bolsonaro, os temas das pesquisas eram divulgados publicamente.
- A Secretaria de Comunicação Social (Secom) não tem respondido a questionamentos sobre essa omissão, alegando que as pesquisas são documentos preparatórios, conforme parecer da Controladoria-Geral da União (CGU).
- Desde setembro de 2024, foram registradas 41 pesquisas, mas apenas informações sobre metodologia e região foram divulgadas.
- A Secom possui um contrato com a empresa Nexus, com gastos previstos de R$ 11,9 milhões por ano até março de 2026.
O governo Lula tem adotado uma abordagem diferente em relação às pesquisas de opinião sobre políticas públicas, omitindo os temas das sondagens encomendadas pelo Palácio do Planalto. Durante a gestão de Jair Bolsonaro, esses temas eram divulgados publicamente, mas atualmente, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) registra as pesquisas de forma genérica, sem especificar os assuntos abordados.
Desde setembro de 2024, as pesquisas são documentadas apenas com informações sobre a metodologia, como se foram realizadas por telefone ou presencialmente, e a região onde ocorreram. A Secom, sob a direção de Sidônio Palmeira, não tem respondido a questionamentos sobre essa omissão, alegando que as pesquisas são consideradas documentos preparatórios, conforme parecer da Controladoria-Geral da União (CGU).
Esse parecer orienta que a divulgação dos dados só deve ocorrer após a implementação das políticas públicas relacionadas ou ao final do mandato presidencial. A CGU argumenta que a liberação das informações poderia distorcer a interpretação dos dados e comprometer a elaboração de políticas eficazes. Apesar disso, a Folha de S.Paulo questionou a Secom sobre a possibilidade de acesso aos temas, ressaltando que qualquer pessoa pode ser entrevistada e conhecer os assuntos abordados.
Contexto das Pesquisas
As pesquisas encomendadas pelo governo Lula incluem temas variados, como o conflito no Oriente Médio e ações relacionadas a enchentes no Rio Grande do Sul. No entanto, a Secom não tem registrado esses temas nos documentos de pagamento desde que a divulgação foi interrompida. Entre setembro e o presente momento, foram registradas 41 pesquisas, das quais cinco foram realizadas presencialmente.
Em contraste, o governo anterior liberou informações sobre suas pesquisas, que abordaram temas como o Auxílio Brasil e a percepção da população sobre a inflação. Um levantamento de julho de 2022, por exemplo, indicou que 33% dos entrevistados responsabilizavam o presidente Bolsonaro pela inflação, enquanto 22% citavam a pandemia como fator relevante.
A Secom tem um contrato com a empresa Nexus, que venceu a licitação em 2022, prevendo gastos de R$ 11,9 milhões por ano até março de 2026. A falta de transparência nas pesquisas atuais levanta questões sobre a acessibilidade das informações e a capacidade do governo de ouvir a população de maneira eficaz.