- O Ministério Público de São Paulo e a Polícia Militar realizaram a Operação Spare para desmantelar um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital.
- Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão relacionados ao empresário Flávio Silvério Siqueira, apontado como líder do esquema.
- As investigações revelaram que a organização movimentou R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheu apenas R$ 4,5 milhões em tributos.
- O esquema envolvia 267 postos de combustíveis e 60 motéis, muitos registrados em nome de “laranjas”.
- A fintech BK Bank foi utilizada para ocultar a origem dos recursos, que incluíam valores provenientes de jogos de azar.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e a Polícia Militar deflagraram nesta quinta-feira (25) a Operação Spare, visando desmantelar um esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A operação cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em endereços relacionados ao empresário Flávio Silvério Siqueira, apontado como líder do esquema que envolve 267 postos de combustíveis e 60 motéis.
As investigações, que começaram em julho de 2020, revelaram que a organização movimentou R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheu apenas R$ 4,5 milhões em tributos, representando apenas 0,1% do total. Siqueira é suspeito de utilizar os postos para lavar dinheiro do crime organizado, além de estar ligado a atividades de jogos de azar.
Estrutura do Esquema
Os dados indicam que mais de 60 motéis sob controle do grupo movimentaram R$ 450 milhões no mesmo período. A maioria dos estabelecimentos estava registrada em nome de “laranjas”, que apenas emprestavam seus nomes. O MP-SP identificou 21 CNPJs relacionados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia, que movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, emitindo apenas R$ 550 milhões em notas fiscais.
A BK Bank, uma fintech, foi utilizada para ocultar a origem dos recursos. A investigação revelou que os valores provenientes de jogos de azar eram transferidos para contas da fintech após passarem pelos postos de combustíveis. A operação também identificou um contador que gerenciava 941 empresas, incluindo mais de 200 do ramo de combustíveis.
Conexões com o PCC
A operação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, que já havia desmantelado um esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. A BK Bank foi identificada como peça central em um esquema que movimentou R$ 17,7 bilhões em transações suspeitas. As autoridades continuam a investigar as conexões entre as empresas e os indivíduos envolvidos, buscando desarticular a rede criminosa que utiliza o setor financeiro e de combustíveis para ocultar recursos ilícitos.