- O clima de pessimismo nas relações entre Brasil e Estados Unidos aumentou após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
- A condenação dificultou negociações em áreas como patentes e etanol.
- Uma possível reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Donald Trump na ONU pode abrir espaço para discussões sobre minerais críticos e etanol.
- O vice-presidente Geraldo Alckmin já dialogava com o secretário de Comércio americano, mas as negociações não avançavam sem um sinal claro de Trump.
- A advogada Ana Caetano destaca que a Suprema Corte americana está avaliando a constitucionalidade da tarifa de 50% imposta ao Brasil, o que pode impactar futuras negociações.
O clima de pessimismo nas relações entre Brasil e Estados Unidos se intensificou após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, dificultando negociações em áreas como patentes e etanol. No entanto, uma possível reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Donald Trump na ONU pode mudar esse cenário.
A economista Sandra Rios, do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), destaca que a condenação de Bolsonaro complicou as tratativas bilaterais. Contudo, a sinalização de Trump para um encontro pode abrir espaço para discussões sobre minerais críticos e etanol, temas que já estão na pauta há anos. Rios observa que a lentidão do sistema de patentes brasileiro é uma queixa constante dos EUA.
Weber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, menciona que o vice-presidente Geraldo Alckmin já dialogava com o secretário de Comércio americano, Howard Lutik, mas as negociações não avançavam sem um sinal claro de Trump. Ele alerta que, mesmo com a reunião, o Brasil não é prioridade para os EUA, que estão focados em negociações com países como China e União Europeia.
Possíveis Temas de Negociação
Entre os temas que podem ser abordados, estão a legislação do mercado digital e a taxação de produtos agrícolas, como o açúcar, que enfrenta tarifas superiores a 100%. Barral ressalta que os avanços nas negociações geralmente ocorrem por pressão do setor privado americano, como no caso da celulose e do café.
Bruna Santos, do think tank Inter-American Dialogue, alerta que a aproximação deve ser feita com cautela. Ela compara a situação a uma dança, onde o parceiro pode mudar o ritmo a qualquer momento. Santos acredita que tanto o etanol quanto os minerais críticos são temas que podem ser discutidos, mas a abordagem dos EUA deve ser observada com atenção.
A advogada Ana Caetano, da Veirano Advogados, destaca que a situação jurídica nos EUA está mudando, especialmente em relação à tarifa de 50% imposta ao Brasil. A Suprema Corte americana está avaliando a constitucionalidade dessa política, o que pode influenciar as negociações futuras. Luis Fernando Guerrero, do Lobo de Rizzo Advogados, acrescenta que o setor de serviços brasileiro, ainda muito fechado, pode ser um ponto de interesse nas conversas.