- O assessor da Conafer, Cícero Marcelino de Souza Santos, admitiu à CPMI do INSS que ficou com parte dos valores intermediados pela entidade, chamando isso de “troco” em repasses que somaram R$ 300 milhões; depoimento ocorreu em 16 de outubro.
- Cícero afirmou receber planilhas de pagamentos da Conafer e realizar os repasses, incluindo listas com até 300 pessoas.
- O relator Alfredo Gaspar destacou que os valores movimentados por Cícero e suas empresas tinham origem suspeita, classificando-o como “duto de passagem” em um esquema de lavagem de dinheiro.
- O Coaf identificou movimentações atípicas entre as empresas de Cícero e a Conafer; a CGU aponta que 97,6% dos R$ 300 milhões teriam origem fraudulenta, e o patrimônio pessoal de Cícero destoava do volume movimentado.
- Gaspar não pediu prisão imediata, mas informou que poderia fazê-lo se o assessor continuar a encobrir os responsáveis; ofereceu a Cícero a oportunidade de colaborar para identificar quem seria o verdadeiro responsável, e Cícero negou irregularidades, alegando que as movimentações eram parte de seus pagamentos operacionais.
O assessor da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), Cícero Marcelino de Souza Santos, admitiu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS que ficou com parte dos valores intermediados pela entidade. Ele se referiu a isso como um “troco” em meio a repasses que totalizaram R$ 300 milhões. O depoimento ocorreu na quinta-feira, 16 de outubro.
Cícero afirmou que recebia planilhas de pagamentos da Conafer e realizava os repasses, que incluíam listas com até 300 pessoas. O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), destacou que os valores movimentados por Cícero e suas empresas apresentavam origem suspeita. Gaspar classificou o assessor como um “duto de passagem” em um esquema de lavagem de dinheiro, sugerindo que os verdadeiros responsáveis estariam protegidos.
Irregularidades e Lavagem de Dinheiro
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações atípicas entre as empresas de Cícero e a Conafer, reforçando as suspeitas de irregularidades. O relator apontou uma discrepância significativa entre o patrimônio pessoal de Cícero e o volume de recursos que suas empresas movimentaram. De acordo com a Controladoria Geral da União (CGU), 97,6% dos R$ 300 milhões transferidos seriam de origem fraudulenta.
Cícero declarou rendimentos de apenas R$ 14 mil em 2022 e possuía bens limitados, como carros antigos. Gaspar enfatizou que as transferências entre contas sem justificativa econômica são típicas de lavagem de dinheiro. Durante o depoimento, Cícero negou qualquer irregularidade, afirmando que as movimentações eram apenas parte dos pagamentos operacionais da Conafer.
Oportunidade de Colaboração
Gaspar não solicitou a prisão imediata de Cícero, mas deixou claro que poderia fazê-lo caso o assessor continuasse a encobrir os responsáveis pelo esquema. O relator ofereceu a Cícero a oportunidade de colaborar com as investigações, visando identificar os verdadeiros responsáveis pelos desvios. Cícero, por sua vez, insistiu que não lucrou com a Conafer e que as movimentações financeiras eram parte de sua função como intermediário.