- A fiscalização de Istambul abriu duas novas investigações contra Ekrem Imamoglu, ex-prefeito e candidato da oposição, por espionagem e venda de dados pessoais; ele está em prisão preventiva desde março.
- A operação resultou na detenção do jornalista Merdan Yanardag, editor-chefe da TELE 1, que é crítico do governo.
- Quinze pessoas ligadas à prefeitura de Istambul foram presas; investiga-se a venda de dados de usuários de apps municipais, com vazamento de informações de milhões de pessoas.
- A acusação de espionagem envolve Hüseyin Gün, que teria contatos com serviços de inteligência estrangeiros e grupos considerados terroristas; Necati Özkan, ex-colaborador de campanha de Imamoglu, também é investigado.
- O CHP alega que as investigações visam desestabilizar a oposição; decisão recente de tribunal rejeitou pedido de intervenção no partido, sinalizando um alívio limitado em meio ao cenário político tenso.
A fiscalia de Istambul anunciou a abertura de duas novas investigações contra Ekrem Imamoglu, ex-prefeito da cidade e candidato da oposição social-democrata nas próximas eleições presidenciais. Imamoglu, que está em prisão preventiva desde março por acusações de corrupção, agora enfrenta alegações de espionagem e venda de dados pessoais de cidadãos. A situação acirra ainda mais as tensões políticas na Turquia, especialmente após a vitória de Imamoglu nas eleições municipais de 2019 e 2024, desafiando o governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP).
As novas investigações surgem em um contexto de crescente repressão à oposição. O jornalista Merdan Yanardag, editor chefe do canal de televisão TELE 1, foi detido na mesma operação. Yanardag é um crítico do governo e sua prisão levanta preocupações sobre a liberdade de imprensa no país. Gül Çiftçi, vice-presidente do Partido Republicano do Povo (CHP), denunciou as alegações como tentativas de inventar crimes, uma vez que a acusação de corrupção ainda não foi formalmente apresentada após oito meses.
Acusações e Detenções
A acusação de espionagem contra Imamoglu está relacionada a um indivíduo detido anteriormente, Hüseyin Gün, que teria mantido contatos com serviços de inteligência estrangeiros e grupos considerados terroristas na Turquia. A relação entre Gün e Imamoglu remonta à campanha eleitoral de 2019, quando Imamoglu derrotou o candidato do AKP. A fiscalia também investiga um ex-colaborador de campanha de Imamoglu, Necati Özkan, por supostas atividades ilícitas.
Além disso, a investigação sobre a venda de dados pessoais revela que informações de 4,7 milhões de usuários de aplicativos municipais foram transferidas para outros países, enquanto dados de 3,7 milhões foram vendidos na dark web. A detenção de 15 pessoas ligadas à prefeitura de Istambul destaca a gravidade das acusações e o clima de incerteza que envolve a administração municipal.
Repercussões Políticas
O CHP considera essas investigações uma estratégia para desestabilizar seu poder municipal, especialmente em um momento em que as pesquisas indicam um empate ou vantagem sobre o AKP. As tensões são exacerbadas por um contexto em que mais de uma dezena de prefeitos social-democratas foram encarcerados sob acusações semelhantes. Apesar das adversidades, um tribunal rejeitou recentemente um pedido que poderia ter levado à intervenção no CHP, oferecendo um pequeno alívio à oposição em meio a um cenário político conturbado.
