- Ai Weiwei dirige Turandot na Ópera de Roma; a produção começou em dois mil e vinte, teve pausa por causa da COVID-19 e foi relançada dois anos depois, conforme mostra o documentário do cineasta Maxim Derevianko, que acompanha ensaios e a apresentação final.
- O filme traz entrevistas com Ai Weiwei, a coreógrafa Chiang Ching, a maestrina Oksana Lyniv e a figurinista Anna Biagiotti; a cenografia é inspirada na escultura Map of China.
- A proposta de Ai Weiwei para Turandot reinterpreta a princesa cruel e transforma o Orientalismo em crítica política contemporânea; Ai afirmou durante os ensaios que “Meu Turandot será diferente”.
- Os figurinos trazem referências aos símbolos do zodíaco chinês, conectando a estética da produção às obras anteriores do artista.
- O documentário também aborda a relação entre arte e política, incluindo o contexto familiar de Ai Weiwei, cujo pai, Ai Qing, foi silenciado; a obra ressalta a ideia de que liberdade está ligada à expressão artística.
Ai Weiwei, o renomado artista e ativista chinês, lançou um documentário que revela os bastidores de sua produção da ópera Turandot, de Giacomo Puccini, na Ópera de Roma. A obra, que teve sua estreia marcada para 2020, enfrentou uma pausa devido à pandemia de COVID-19, sendo relançada dois anos depois. O filme apresenta entrevistas com Ai, a coreógrafa Chiang Ching, a maestrina Oksana Lyniv e a figurinista Anna Biagiotti.
A proposta de Ai Weiwei para Turandot foi reinterpretar a história da princesa cruel, transformando uma visão orientalista em uma crítica política contemporânea. Em 2018, o artista foi convidado a dirigir a produção, aproveitando sua trajetória de vida e sua estética única. “Meu Turandot será diferente,” afirmou Ai durante os ensaios, destacando seu desejo de explorar o desconhecido.
O Documentário
O documentário, dirigido por Maxim Derevianko, entrelaça a narrativa da produção com a ascensão de Ai como artista. As filmagens incluem ensaios, entrevistas e trechos da apresentação final, muitas vezes em câmera lenta, acompanhados pela música de Puccini. A cenografia é inspirada na escultura Map of China, representando um mapa do mundo e refletindo a experiência de exílio e migração.
Os figurinos também incorporam elementos das obras anteriores de Ai, como os símbolos do zodíaco chinês. O artista, que cresceu sob a sombra da repressão política, afirma que “tudo é arte. Tudo é política.” O documentário não apenas destaca a produção de uma ópera, mas também a importância da arte na sociedade atual, levantando questões sobre liberdade de expressão e o papel do artista.
Reflexões de Ai Weiwei
As reflexões de Ai sobre a arte e a política são centrais no filme. A experiência de seu pai, o poeta Ai Qing, que foi silenciado durante a campanha anti-direitista de Mao Zedong, moldou sua visão sobre a liberdade de expressão. “Quando se fala de Ai Weiwei, não se pode evitar o tema da liberdade,” observa Derevianko, ressaltando a conexão intrínseca entre a arte e a política na obra do artista.