- O Iraque realiza eleições parlamentares na próxima terça-feira para preencher 329 assentos do Conselho de Representantes; mais de 21,4 milhões de eleitores estão aptos a votar.
- O primeiro-ministro cessante Mohammed al-Sudani é apontado como favorito; participam 7.700 candidatos distribuídos em 31 alianças, 38 partidos e 75 independentes.
- A Constituição garante participação de mulheres, que devem ocupar ao menos 25% dos assentos.
- A expectativa é de abstenção abaixo de 41%, com Muqtada Sadr sugerindo boicote e analistas prevendo possível união de blocos xiitas após a eleição.
- O processo ocorre num cenário regional de influência entre Irã, Estados Unidos, Turquia e países do Golfo, com tensões entre curdos no norte e operações turcas na região.
O Iraque se prepara para as eleições parlamentares que ocorrerão na próxima terça-feira, onde mais de 21,4 milhões de eleitores estão aptos a votar para preencher os 329 assentos do Conselho de Representantes. O primeiro-ministro cessante, Mohammed al-Sudani, é apontado como favorito nas pesquisas, em um cenário que conta com 7.700 candidatos de 31 alianças, 38 partidos e 75 independentes.
Desde a adoção da democracia parlamentar em 2005, o sistema político iraquiano tem sido moldado por divisões étnico-religiosas, com os partidos xiitas, sunitas e curdos dominando a cena. A Constituição garante a participação de mulheres, que devem ocupar ao menos 25% dos assentos. A votação, a sexta desde a queda de Saddam Hussein, é vista como crucial para a estabilidade do país, que enfrenta desafios internos e externos.
Desafios e Expectativas
As eleições ocorrem em meio a um clima de incerteza, com a taxa de abstenção prevista para ser inferior aos 41% registrados em 2021. Al-Sudani, em um discurso recente, enfatizou a importância da participação popular, afirmando que “as eleições pertencem ao povo” e que “a sua voz é a base da democracia”.
Analistas, como Renad Mansour da Chatham House, observam que, apesar da fragmentação dos partidos xiitas, é provável que eles se unam após as eleições para formar o maior bloco parlamentar. A oposição de Muqtada Sadr, que já sugeriu um boicote, também pode influenciar o resultado.
Contexto Regional
A situação no Iraque é acompanhada de perto por potências regionais e internacionais, com o país atuando como um ponto estratégico entre Irã, Estados Unidos, Turquia e países árabes do Golfo. O Irã considera o Iraque vital para sua influência no Oriente Médio, enquanto os Estados Unidos mantêm tropas no país, focadas na luta contra o Estado Islâmico.
Além disso, a rivalidade entre os partidos curdos no norte do Iraque e as operações militares da Turquia na região adicionam uma camada de complexidade ao cenário eleitoral. Com a expectativa de que as eleições possam trazer renovação política, o futuro da democracia iraquiana dependerá da capacidade de transformar o processo eleitoral em um verdadeiro veículo de mudança.