- A CPMI do INSS ouviu Igor Dias Delecrode, apontado como um dos principais envolvidos em descontos indevidos em benefícios previdenciários; ele invocou habeas corpus e permaneceu em silêncio.
- Delecrode foi ex-dirigente da Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (Aasap); a oposição apontou que mensalidades descontadas somaram cerca de R$ 1,4 bilhão.
- O relator Alfredo Gaspar criticou o silêncio e afirmou que é um “tapa na cara do povo brasileiro”; parlamentares cobraram novas convocações e acusaram o STF de blindagem.
- As investigações apontam prejuízo de até R$ 6 bilhões, sendo R$ 700 milhões relacionados ao grupo dos Golden Boys; há busca por mapear vínculos políticos e doações.
- O presidente da CPMI, Carlos Viana, disse que a decisão do STF retira autoridade do Parlamento; o encerramento está previsto para 4 de dezembro, com delações premiadas como possibilidade.
A CPMI do INSS ouviu nesta segunda-feira (10) o empresário Igor Dias Delecrode, apontado como um dos principais envolvidos em um esquema de descontos indevidos em benefícios previdenciários. Delecrode, ex-dirigente da Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (Aasap), invocou o direito ao silêncio, amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF.
Os parlamentares expressaram indignação com a recusa de Delecrode em responder perguntas. O relator da CPMI, Alfredo Gaspar, criticou a situação, afirmando que o silêncio do empresário é um “tapa na cara do povo brasileiro”. Ele destacou que a comissão busca esclarecer a atuação de Delecrode e suas associações, que movimentaram cerca de R$ 1,4 bilhão em mensalidades descontadas de aposentados.
Acusações e Blindagem
Durante a sessão, os deputados acusaram o STF de blindar investigados e defenderam novas convocações. Gaspar mencionou que a CPMI já aprovou pedidos de prisão preventiva para 27 pessoas envolvidas no esquema, mas a proteção a Delecrode e outros investigados gera um impasse. O senador Izalci Lucas revelou que as investigações indicam prejuízo de até R$ 6 bilhões, com R$ 700 milhões relacionados ao grupo dos “Golden Boys”.
As investigações também buscam mapear os vínculos políticos de Delecrode, incluindo doações de campanha e proximidade com ex-ministros da gestão Bolsonaro. A CPMI trabalha para identificar uma possível rede de colaboração entre as entidades investigadas, que teriam utilizado tecnologia para fraudar documentos e cadastros de aposentados.
Reações da CPMI
O presidente da CPMI, Carlos Viana, declarou que a decisão do STF retira a autoridade do Parlamento e representa um desrespeito. Gaspar criticou a “blindagem do STF” e a proteção a outros investigados. Ele argumentou que a desigualdade no tratamento de investigados ricos e pobres é evidente, e que a CPMI só conseguirá avançar com delações premiadas.
Com o encerramento da CPMI previsto para 4 de dezembro, a situação permanece tensa, e os parlamentares avaliam que o silêncio de Delecrode poderá dificultar o avanço das investigações. A pressão por esclarecimentos e a busca por justiça continuam a ser prioridades na luta contra a corrupção envolvendo os benefícios previdenciários.