- A Bósnia e Herzegovina celebra trinta anos desde o Acordo de Dayton, assinado em 1995 para encerrar a guerra e estabelecer a estrutura com Federação da Bósnia e Croácia, República Srpska e Distrito de Brčko.
- O pacto trouxe paz, mas é alvo de críticas pela burocracia excessiva e pela manutenção de divisões étnicas, que persistem no funcionamento político do país.
- O conceito de “paz congelada” domina o cenário atual, com impasses institucionais e pouca ou nenhuma reforma relevante desde 2006.
- Milorad Dodik, presidente da República Srpska, ocupa posição central ao longo das disputas políticas e foi condenado a seis anos de inabilitação por desobedecer decisões judiciais.
- A integração à União Europeia depende de reformas constitucionais; especialistas como Florian Bieber alertam que Dodik complica avanços, enquanto há preocupação com proteção de direitos croatas e com práticas clientelistas.
A Bosnia-Herzegovina celebra três décadas desde a assinatura do Acordo de Dayton, que encerrou a guerra nos Balcãs em 1995. Este pacto, mediado pelos Estados Unidos, estabeleceu uma estrutura política complexa, dividindo o país em duas entidades principais: a Federação da Bósnia e Croácia e a República Srpska, além do Distrito de Brčko. Apesar de ter trazido paz, o acordo é frequentemente criticado por sua burocracia excessiva e pela perpetuação de divisões étnicas.
Atualmente, o país enfrenta o que muitos chamam de “paz congelada”. As críticas se concentram na ineficiência do sistema político e na falta de reformas significativas. A figura de Milorad Dodik, presidente da República Srpska, é central nesse cenário, pois ele tem se oposto a mudanças e ameaçado a estabilidade da região. Recentemente, foi condenado a seis anos de inabilitação por desobedecer decisões judiciais.
Desafios Atuais
A necessidade de reformas constitucionais é um dos principais desafios para a integração da Bósnia à União Europeia. O último esforço significativo para modificar a Constituição ocorreu em 2006 e falhou por uma margem estreita. Especialistas, como Florian Bieber, alertam que a presença de Dodik e suas manobras políticas dificultam qualquer progresso.
Outra questão em pauta é a demanda por maior proteção dos direitos dos croatas, que é vista pela maioria bósnia como uma tentativa de reforçar divisões étnicas. A analista Tanja Topic critica a elite política que se beneficiou do status quo, perpetuando um sistema clientelista e corrupto. Segundo ela, a transformação da sociedade bósnia é essencial, mas pode levar décadas.
O Acordo de Dayton, embora tenha encerrado a guerra, consolidou um sistema que muitos consideram ineficiente e divisório. A comunidade internacional continua a monitorar a situação, ciente de que a paz na região depende de reformas políticas e sociais profundas.