- A Tunísia enfrenta protestos crescentes contra o governo autoritário do presidente Kais Said, no poder desde dois mil e dezenove, com insatisfação ligada à crise econômica e à poluição da indústria química, especialmente em Gabes.
- Em Gabes, dezenas de milhares foram às ruas contra as intoxicações geradas pelas emissões da Groupe Chimique Tunisien (GCT); a planta opera há cinquenta anos, emprega cerca de quatro mil pessoas e contribui para desemprego de vinte e cinco por cento na região, com mais de duzentos atendimentos médicos por problemas respiratórios em setembro.
- Tribunais adiaram novamente as audiências sobre o fechamento da GCT, marcadas para quatro de dezembro, enquanto a oposição denuncia abusos de poder e repressão a vozes críticas.
- O governo é criticado por resposta tida como inadequada; Said atribui as manifestações a uma suposta conspiração estrangeira, enquanto muitos opositores estão presos ou banidos do processo político.
- No último sábado, milhares de pessoas em Tunis expressaram solidariedade aos afetados pela poluição em Gabes e pediram a liberdade de prisioneiros políticos, refletindo o descontentamento com a gestão de Said.
A Túnisia enfrenta uma crescente onda de protestos que questionam o governo autoritário do presidente Kais Said, no poder desde 2019. As mobilizações, intensificadas nas últimas semanas, refletem a insatisfação popular com a crise econômica e a poluição causada pela indústria química, especialmente na região de Gabes. A insatisfação popular se intensificou após uma série de incidentes de saúde relacionados à contaminação, que afetaram principalmente crianças.
Os protestos em Gabes, que começaram em resposta a intoxicações causadas por emissões tóxicas da Groupe Chimique Tunisien (GCT), levaram dezenas de milhares de pessoas às ruas. A planta, que opera há mais de 50 anos, é responsável por sérios problemas ambientais e de saúde, com relatos de mais de 200 atendimentos médicos por problemas respiratórios em setembro. Os manifestantes exigem a paralisação das atividades da fábrica, que emprega cerca de 4.000 pessoas, mas que também tem contribuído para uma taxa de desemprego de 25% na região.
Crise Judicial e Repressão
Além dos protestos, o governo enfrenta desafios judiciais relacionados à paralisação da GCT. Recentemente, tribunais adiaram novamente as audiências sobre o fechamento da planta, com uma nova data marcada para 4 de dezembro. Enquanto isso, a oposição denuncia abusos de poder e a repressão de vozes críticas, com líderes políticos enfrentando longas penas de prisão.
A resposta do governo tem sido acusada de ser inadequada. Said atribui as manifestações a uma suposta conspiração estrangeira, ignorando as demandas legítimas da população. A situação se agrava com a falta de alternativas políticas, já que muitos opositores estão presos ou foram banidos do processo político.
Mobilização Popular
No último sábado, uma das maiores manifestações sob o governo de Said reuniu milhares de pessoas em Tunis, que expressaram solidariedade aos afetados pela poluição em Gabes e exigiram a liberdade de prisioneiros políticos. Os protestos refletem um crescente descontentamento com a administração de Said, que tem sido criticada por sua abordagem autoritária e pela falta de soluções efetivas para os problemas enfrentados pelo país.
A Túnisia vive um momento crítico, onde a insatisfação popular e a ineficácia do governo podem culminar em mudanças significativas no cenário político. A continuidade dos protestos e a pressão sobre o regime de Said são indicativos de que a população busca uma resposta mais eficaz a suas reivindicações e um futuro mais sustentável.