Calor extremo afeta saúde mental e aumenta casos de depressão
Calor extremo eleva risco de suicídio e hospitalizações psiquiátricas, afetando especialmente adolescentes e populações vulneráveis

Uma garota sob a sombra e com um leque em Sevilha. (Foto: PACO PUENTES)
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O impacto do calor extremo na saúde mental
Estudos recentes de 2023 revelam que o calor extremo está associado a um aumento significativo no risco de suicídio e hospitalizações psiquiátricas. Pesquisadores do Imperial College de Londres destacam que altas temperaturas podem agravar transtornos mentais, especialmente em adolescentes.
A pesquisa publicada na revista The Lancet indica que períodos com temperaturas anormalmente altas resultam em um aumento nas taxas de suicídio e nas visitas a serviços de saúde mental. Emma Lawrance, líder do estudo, ressalta que o calor extremo pode exacerbar condições já existentes e afetar o bem-estar emocional de indivíduos sem diagnósticos prévios.
Outros estudos corroboram essa relação. Um deles, publicado em Nature Climate Change, atribui ao calor extremo cerca de 2% da incidência de transtornos mentais como depressão e ansiedade na Austrália. Outro estudo aponta que adolescentes chineses expostos a ondas de calor têm 13% mais chances de desenvolver depressão e 12% mais de ansiedade patológica.
Mecanismos de impacto
Os pesquisadores identificam diversos mecanismos que explicam como o calor afeta a saúde mental. O calor intenso provoca mudanças hormonais e tensão cardiovascular, além de dificultar a concentração. Kim Meidenbauer, professora da Universidade do Estado de Washington, afirma que o estresse térmico pode prejudicar funções cognitivas essenciais para a regulação emocional.
Além disso, o calor extremo pode levar a menos sono e menos atividade física, fatores que contribuem para o bem-estar mental. A redução das interações sociais também é uma preocupação, já que muitas pessoas evitam sair de casa durante ondas de calor, aumentando o isolamento e a solidão.
Desigualdade e vulnerabilidade
A vulnerabilidade socioeconômica agrava os efeitos do calor extremo. Em áreas com menos recursos, as pessoas enfrentam maior exposição ao calor e têm acesso limitado a serviços de saúde mental. Lawrance destaca que, em regiões urbanas superpovoadas, a falta de áreas verdes intensifica o efeito de ilha de calor, tornando a situação ainda mais crítica.
Os sem-teto são os mais afetados, pois não têm abrigo para escapar do calor. Para eles, as opções são limitadas a sombras e parques, sem acesso a ambientes climatizados. Essa realidade evidencia a necessidade urgente de políticas públicas que abordem a saúde mental em contextos de calor extremo, visando proteger as populações mais vulneráveis.
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