Luxo em crise: aranceles e euro forte afetam setor de alta gama na China

O setor de luxo enfrenta um cenário desafiador, com quedas significativas nas ações de grandes marcas como LVMH e Kering. Em um contexto marcado pela inflação e mudanças nas preferências dos consumidores, as empresas reportaram resultados decepcionantes, refletindo uma pressão crescente sobre suas margens de lucro.

Recentemente, LVMH viu uma queda de 9% em sua divisão de moda e artigos de luxo, enquanto Kering, controladora da Gucci, registrou uma redução de 46% em seus lucros. A situação é agravada pela desaceleração da demanda na China, que representa 28% do mercado de luxo, e pela força do euro, que encarece as exportações.

Impactos dos Novos Aranceles

A introdução de novos aranceles pode complicar ainda mais a recuperação do setor. Especialistas alertam que, embora marcas como Hermès e Prada estejam melhor posicionadas para repassar custos ao consumidor, empresas de médio e baixo porte, como Burberry e Hugo Boss, podem enfrentar dificuldades financeiras. A forte valorização do euro também contribui para a diminuição da competitividade das marcas europeias no mercado global.

Além disso, a confiança do consumidor permanece em níveis baixos, impactada pela incerteza econômica e pela pressão inflacionária. A combinação desses fatores resultou em um desvio de investimentos do setor de luxo para áreas mais ligadas ao ciclo econômico, como defesa e tecnologia.

Perspectivas Futuras

Analistas da UBS e Citi expressam cautela em relação ao futuro do setor. Apesar de Hermès ter apresentado um crescimento de 9% nas vendas no primeiro semestre, a percepção de exclusividade que antes protegia a marca agora pode torná-la mais vulnerável. A expectativa é de que, sem um aumento sustentável nos lucros, as ações do setor continuem estagnadas.

As tensões comerciais e os novos aranceles são riscos adicionais que podem afetar o desempenho das empresas. O arancel de 15% que os EUA aplicarão a produtos europeus é visto como um desafio, mas líderes do setor, como Bernard Arnault, presidente da LVMH, consideram que isso pode ser um mal menor, pois evita uma escalada nas tensões comerciais.

O futuro do setor de luxo permanece incerto, com a necessidade de adaptação às novas realidades econômicas e de consumo.