18 de mai 2025

Endividamento recorde revela desafios no crescimento econômico do Brasil
Cenário alarmante: mais de 70 milhões de brasileiros estão inadimplentes, enquanto a inflação e o crédito fácil agravam o endividamento.
Foto:Reprodução
Ouvir a notícia:
Endividamento recorde revela desafios no crescimento econômico do Brasil
Ouvir a notícia
Endividamento recorde revela desafios no crescimento econômico do Brasil - Endividamento recorde revela desafios no crescimento econômico do Brasil
Mais de 70 milhões de brasileiros estão com o nome sujo, representando 42% da população adulta do país. O dado alarmante foi divulgado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em 14 de maio. O cenário de inadimplência é agravado pela combinação de crescimento econômico e inflação, que elevou o número de "endividados de risco" para 14 milhões.
Desde 2022, cerca de 80% das famílias brasileiras possuem alguma dívida. Apesar do mercado de trabalho aquecido e da renda média de 3.410 reais no primeiro trimestre, a realidade do endividamento persiste. O contraste entre os bons indicadores econômicos e a alta taxa de inadimplência revela a disfunção do crescimento econômico, impulsionado por estímulos governamentais que geram efeitos colaterais.
O aumento da inflação, que chegou a 5,53% nos últimos doze meses, pressiona o orçamento das famílias. Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, destaca que a inflação é a origem do endividamento, resultante de uma economia que cresce mais do que deveria. O volume total de crédito contraído por pessoas físicas é de 4 trilhões de reais, mas 14 milhões estão em situação crítica para quitar suas dívidas.
No primeiro trimestre de 2023, o crédito via cheque especial cresceu 13%, totalizando 133 bilhões de reais. As taxas de juros, que chegam a 134% ao ano, agravam a situação. O governo, por sua vez, continua a oferecer crédito, como a nova linha de crédito consignado lançada em março, que pode gerar 120 bilhões de reais em dívidas.
As instituições financeiras estão preocupadas com o aumento da inadimplência, embora Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, afirme que isso ainda não representa risco ao sistema bancário. A facilidade de acesso ao crédito, impulsionada por fintechs, e a falta de educação financeira da população contribuem para o cenário atual.
Ana Paula Tozzi, da AGR Consultores, ressalta que o endividamento impacta o consumo e, consequentemente, a economia. Sem ajustes estruturais e uma mudança na educação financeira, o Brasil pode permanecer preso a um ciclo de endividamento crônico e crescimento frágil.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.