02 de jul 2025

Dólar em baixa favorece moedas da América Latina, com real em destaque no semestre
As moedas latino americanas se valorizam, mas incertezas políticas podem afetar a tendência no segundo semestre de 2025.

Região não ficou imune ao comportamento global da moeda americana, com uma deterioração estrutural que a levou a níveis não vistos em três anos (Foto: Bloomberg/Bloomberg Creative Photos)
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No primeiro semestre de 2025, as moedas da América Latina se valorizaram em relação ao dólar, impulsionadas pela desvalorização da moeda americana e fatores locais, como altas taxas de juros. O real brasileiro e o peso mexicano foram os que mais se destacaram, com altas de 13,73% e 11,09%, respectivamente.
A queda do dólar permitiu que muitos latino-americanos desfrutassem de dívidas menores em dólar, viagens mais acessíveis aos Estados Unidos e compras internacionais mais baratas. A desvalorização do dólar, que atingiu níveis não vistos em três anos, foi impulsionada por incertezas políticas e econômicas nos EUA, incluindo a pressão sobre o Federal Reserve e a volatilidade gerada pelo governo Trump. Felipe Juncal, economista do Citigroup, destacou que a valorização das moedas latino-americanas está ligada à desvalorização generalizada do dólar.
O real brasileiro se beneficiou de um ambiente favorável para o carry trade, com taxas de juros próximas a 15%, uma das mais altas do mundo. Valéria Álvarez, do Itaú Colômbia, observou que esse apetite global por ativos de mercados emergentes também favoreceu o peso mexicano. Gabriela Siller, do Banco Base, afirmou que o diferencial de taxas de juros entre o Banco do México e o Federal Reserve atraiu capital para o país.
Riscos e Volatilidade
Apesar da valorização, a volatilidade e incertezas políticas podem impactar essas moedas no segundo semestre. Juncal prevê que a narrativa de um dólar fraco deve continuar, mas fatores como ajustes nas taxas de juros e incertezas políticas podem pressionar a taxa de câmbio. Siller também alertou para a possibilidade de volatilidade, especialmente com o ciclo de ajustes nas taxas de juros.
As moedas da Colômbia, Chile e Peru também se valorizaram, com o peso colombiano subindo 7,47%, impulsionado pelo carry trade. O peso chileno e o sol peruano se valorizaram 6,79% e 5,58%, respectivamente, beneficiando-se do desempenho do cobre e de fundamentos internos sólidos. No entanto, a incerteza política pode reverter essas tendências.
O peso argentino, por outro lado, foi a única moeda da região a se desvalorizar, em meio à implementação de um novo programa com o FMI. O banco central argentino permitiu que a taxa de câmbio flutue dentro de uma banda de 1.000 a 1.400 pesos por dólar, mantendo uma política monetária restritiva para priorizar a desinflação.
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