Azul reduz frota e analistas avaliam impacto na Embraer

O pedido de recuperação judicial da Azul nos Estados Unidos, protocolado na quarta-feira, levanta preocupações sobre os impactos na Embraer, sua principal fornecedora. A reestruturação pode afetar as encomendas de aeronaves, embora analistas do J.P. Morgan e BTG Pactual acreditem que os efeitos serão limitados.

Os analistas destacam que, apesar do "sentimento negativo" em relação à Embraer, a exposição da fabricante à Azul é reduzida. As ações da Embraer caíram 3% no início do pregão, mas a queda foi moderada para 0,43% às 16h, com os papéis cotados a R$ 66,55. A Azul planeja reduzir sua frota em 35%, prevendo encerrar 2025 com 170 aeronaves, 31 a menos do que o esperado anteriormente.

Encomendas e Impactos

A Azul possui 51 encomendas de aeronaves com a Embraer, representando 15% da carteira comercial da fabricante. O valor total dos pedidos do modelo E195-E2 é estimado em US$ 3,4 bilhões. Contudo, os analistas do BTG Pactual afirmam que a complexidade dos cancelamentos pode limitar os impactos, já que as companhias aéreas costumam pagar depósitos antecipados.

A recuperação judicial da Azul envolve um passivo total de US$ 9,57 bilhões, com o objetivo de eliminar US$ 2 bilhões em dívidas. Entre os principais credores estão empresas do conglomerado da Embraer, com mais de US$ 36 milhões a receber. Apesar das incertezas, a Embraer pode redirecionar sua produção para outros clientes, aproveitando a demanda global por aeronaves regionais.

Cenário Futuro

Os analistas consideram que o cenário mais provável envolve adiamentos nas entregas, e não cancelamentos totais. A Embraer, com sua crescente presença internacional, pode mitigar a dependência da Azul. Além disso, a fabricante pode oferecer condições de financiamento mais favoráveis para aeronaves produzidas localmente, em comparação com modelos importados.