17 de jun 2025

Inadimplência crescente revela fragilidade das empresas e aumento de recuperações judiciais
Inadimplência empresarial atinge níveis críticos no Brasil, com pedidos de recuperação judicial em alta e MPEs enfrentando sérios desafios financeiros.
Empreendedora (Foto: RDNE Stock project/Pexels)
Ouvir a notícia:
Inadimplência crescente revela fragilidade das empresas e aumento de recuperações judiciais
Ouvir a notícia
Inadimplência crescente revela fragilidade das empresas e aumento de recuperações judiciais - Inadimplência crescente revela fragilidade das empresas e aumento de recuperações judiciais
O Brasil enfrenta um aumento alarmante na inadimplência empresarial, especialmente entre micro e pequenas empresas (MPEs). Dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revelam que mais de 7,2 milhões de empresas estão inadimplentes, representando 31,6% dos negócios ativos. Dentre elas, 6,8 milhões são MPEs, acumulando 47,2 milhões de débitos, totalizando mais de R$ 141,6 bilhões.
Os pedidos de recuperação judicial dispararam 61,8% em relação ao ano anterior, atingindo 2.273 solicitações, o maior número desde 2006. Em 2025, a tendência se mantém, com 162 pedidos em janeiro e 122 em fevereiro, a maioria oriunda de MPEs. Os altos juros, a inflação e o acesso restrito ao crédito são fatores que agravam essa crise.
Fatores Contribuintes
A taxa Selic, atualmente em 14,75%, encarece o crédito, dificultando a vida dos pequenos negócios. A inflação reduz o poder de compra dos consumidores e aumenta os custos operacionais. Julian Tonioli, CEO da Auddas, destaca que a falta de integração entre operações e finanças, somada à inadimplência dos clientes, gera um efeito cascata negativo.
Ezequiel Wilbert, CEO da Safegold, aponta que a falta de gestão profissional é uma raiz do problema. Ele enfatiza a importância de separar as finanças pessoais das empresariais e manter disciplina financeira. Sem clareza sobre fluxo de caixa e margem de contribuição, as empresas correm alto risco de déficit.
Impactos no Setor
André Alves de Lima Bueno, gerente de operações da Big Legal Tech Finch, observa que a instabilidade política e os reflexos da pandemia intensificam a situação. O setor de serviços é o mais afetado, com 52,8% dos inadimplentes, seguido pelo comércio com 35%. A baixa reserva de capital torna essas empresas ainda mais vulneráveis.
Apesar do aumento nos pedidos de recuperação judicial, nem todas as empresas inadimplentes precisam seguir esse caminho. Wilbert ressalta que é crucial avaliar a viabilidade do negócio e renegociar com credores antes de considerar a recuperação judicial. Monitorar indicadores financeiros é essencial para evitar surpresas.
Estratégias em Tempos de Crise
Diante da crise, muitos empreendedores cortam investimentos, mas essa estratégia pode agravar a situação. Tonioli alerta que paralisar projetos pode ser fatal. A solução é ajustar planos de curto prazo, priorizando eficiência e manutenção do negócio.
O ecossistema de crédito no Brasil também não favorece os pequenos empreendedores. Wilbert destaca que os bancos priorizam garantias patrimoniais, dificultando o acesso ao crédito para empresas que operam de forma eficiente, mas não têm ativos suficientes. A falta de educação financeira e mecanismos regulatórios eficazes são desafios adicionais a serem enfrentados.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.