Médicos alertam sobre os perigos do Ozempic e similares em evento da SBEM

Um alerta sobre o uso inadequado de medicamentos como Ozempic e Wegovy foi destacado no seminário "Entre a ciência e os atalhos", realizado pela Editora Globo e pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) no Rio de Janeiro. O evento, que ocorreu na manhã desta terça-feira, reuniu especialistas para discutir os riscos associados à manipulação e falsificação desses fármacos.

Os análogos de GLP-1, como a semaglutida e a tirzepatida, têm mostrado eficácia na perda de peso e no controle glicêmico, com reduções de até 25% no peso corporal. Ruy Lyra, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), enfatizou a importância desses medicamentos no tratamento da obesidade, uma doença crônica que afeta mais de um bilhão de pessoas no mundo.

Entretanto, o uso inadequado desses medicamentos, muitas vezes motivado por questões estéticas, preocupa os endocrinologistas. Amelio Godoy Matos, endocrinologista da PUC-Rio, explicou que os remédios atuam na saciedade e na produção de insulina, mas o uso sem orientação médica pode ser perigoso. Clayton Macedo, diretor de Comunicação da SBEM, alertou sobre a venda de medicamentos de origem irregular e a manipulação em farmácias, que podem comprometer a segurança dos pacientes.

Riscos da Manipulação

No Brasil, a manipulação de medicamentos é permitida, mas deve seguir normas rigorosas. Rosana Mastellaro, do Sindusfarma, destacou que farmácias não podem estocar esses remédios, e a manipulação não é avaliada pela Anvisa. A falta de controle de qualidade levanta preocupações sobre a eficácia e segurança dos produtos manipulados.

Casos de falsificação também foram mencionados, como o ocorrido no Rio de Janeiro, onde uma mulher internada com hipoglicemia havia utilizado uma versão adulterada do Ozempic. Dirceu Raposo de Melo, ex-diretor da Anvisa, ressaltou os perigos de usar produtos ineficazes ou inseguros.

O seminário também abordou a desinformação nas redes sociais, onde promessas de soluções milagrosas proliferam. Karen Faggioni de Marca, presidente eleita da SBEM, apontou a pressão estética gerada por plataformas como o Instagram, que contribui para a venda de produtos sem comprovação de eficácia.