Inteligência artificial se torna parte do nosso cotidiano e das relações afetivas

Luiz Felipe Pondé, filósofo e professor, participou da Rio Innovation Week e alertou sobre os impactos da Inteligência Artificial (IA) na percepção da verdade. Durante a mesa “Ética e Filosofia”, ele destacou que a IA pode intensificar a desorientação e a insegurança em relação às narrativas, afetando a saúde mental da população.

Pondé lembrou que a discussão sobre a verdade é antiga, remontando à Grécia Antiga, onde se reconhece que não existe uma única verdade. “A verdade depende do ponto de vista, da posição social, do viés político e do tempo em que se vive”, afirmou. Ele ressaltou que a IA, assim como as redes sociais, amplifica a exposição a múltiplas narrativas e fake news, o que pode gerar confusão e desconfiança.

O filósofo também mencionou um levantamento do jornal The Washington Post, que aponta que os dois principais usos da IA atualmente são para terapia e relacionamentos. “A IA vai fazer parte do nosso círculo de afetos logo, logo”, disse Pondé. Ele citou Sócrates e Protágoras para enfatizar que a compreensão da verdade é uma construção humana, sujeita a interpretações diversas.

Desafios da Era da Incerteza

Pondé identificou a era atual como um período de incertezas, onde “não é possível ter certeza de nada”. Essa falta de certeza gera desconforto e desorientação, impactando negativamente a saúde mental. O filósofo destacou que a saúde mental é uma questão central do século XXI, uma “commodity gigantesca”.

Ele concluiu que, embora a IA tenha potencial para resolver problemas, sua capacidade de criar e disseminar informações contraditórias pode exacerbar a crise de confiança nas fontes de informação. A reflexão sobre a verdade e as narrativas se torna, assim, um tema crucial para a sociedade contemporânea.